quarta-feira, junho 17, 2009

Do amar demais.

Como eu posso ser livre se tolheste minhas venturas?
Cortaste minhas asas, mentiste minhas alegrias,
Venceste a briga sem lutar, e ainda dou-te aplausos.

Já vivi mil anos antes de te ver chegar,
Corria a te buscar, sem saber que eras
Não só um corpo, sim o sentimento
Dos meus sonhos.

À beira do acaso eu encontrei você,
Incontroláveis versos,
Sem perceber eu te amei, vi e te amei,
Ávido por um beijo teu,
Tanto lutei, tanto desejei, tanto perdi...

Então o amor em mim significava apenas olhar você,
Somente desejar você, sem ter retorno, baixinho, como se reza;
Depois dele, veio o medo do amar que eu tenho,
Medo do amar demais, de quem nunca se fez.

E o que se desloca de mim,
Não sei ao certo se me abandona
ou só me fere...
Sei apenas que atrás se arrasta,
Feito uma sombra de corpo quando se caminha,
Em traços desencontrados.

De repente vejo o teu rosto e teu cheiro me faz corar,
Sorvo então a última quimera dos meus sonhos:
Os teu olhos; o teu sorriso;

Então conforto-me porque em mim,
Sei que não mais habita somente eu,
Alegro-me porque em mim,
Compartilho a porção da forma desejada,
De minhas horas sempre distante.

É bem verdade que por causa de você,
Hoje, a paixão que tomou o meu caminho
Perdura, e me regaça, e ninguém me salva,
Deixam-me à revelia.

Mas eu sei que
Quando se morre de amor,
Renasce noutra alma,
Vê-se noutros olhos,
Outra maneira inovadora de ser sem fim.