sexta-feira, agosto 14, 2009

Nome próprio

Meu coração está doente,
Meu corpo fenece,
Tomo-me por moribundo,
Senil, incontestavelmente confuso.

Meus olhos cegos não enxergam nada,
Minha boca inconsequente balbucia
O que não se ouve,
Nada é por acaso, tudo tem seu preço.

Minha língua é dormente,
Minha carne é dormente,
Minha mente está dormente,
Feito o efeito dessa dor que é dormente.

Meus ouvidos nada escutam,
Minha pele enruga a cada segundo,
Meus dedos enrijecem
Feito artrose corrosiva.

Meus pés não me sustentam,
Minhas pernas não me obedecem,
Minha cabeça é desordenada e sem rumo,
Tudo é sem rumo.

A queda precede o assombro,
O teu assombro,
Da minha dor de vício,
Sem remédios, só feridas,
Que nunca cicatrizam.

Trago a nicotina a pensar no teu gosto,
O teu cheiro,
A tua alma,
A tua calma.

Eu odeio você! Não percebe?

Porque a minha maior dor é pensar em você,
Sem saber se um dia vai caber,
Uma última lágrima que escorra sem destino,
Que nas tuas mãos nunca hão de se amparar.