quinta-feira, novembro 27, 2008

O peso do mundo.

Clica que aumenta.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Eu te amei... tu foste minha.****

Eu te amei, tu me amaste, tu foste minha, eu fui teu,
Eu me entreguei, como quem caminha na beira das falésias de Sorrento
de olhos vendados, ébrio, desatento, manso te galguei,
Eu te amei, tu foste minha, nada mais eu sei.

Eu te amei como a lua mais intensa que a noite,
Eu te via, te admirava, e te desejava, penso que foste minha...
Mas por entre os teus olhos turvos feito dois aquários cheios de amônia,
Tua alma não sei se me amou, nem se assim teu corpo me quis.

Mas verdadeiramente, meu corpo e minha alma
Naquele momento foi somente teu,
Eu me alimentei de teus olhares lúgubres e melancólicos,
Eu me aventurei por entre as veredas da tua espádua nua,
Rezei a prece desdita que ressoava em teu pagão balbucio.

Eu te amei, é verdade, com o clamor de um mar revolto,
Eu te amei, assim só eu sei, sem reconhecer-me em mim,
caminhando a tocar as papoilas por entre o trigal do teu corpo dourado,
Eu te amei, e foste minha, também não sei se sonhei,
Em mim, depois eu te amei, mais uma vez profundamente em silêncio,
Depois descansei, como um milenar vulcão adormecido.

É fato que passaste em minha vida como uma estrela
que risca os céus em noite límpida de verão em Capri,
E eu te guardei aqui, por que te amei, e tu foste minha.

Eu te amei, tu foste minha, na ordem variável das coisas, eu sei,
Não me importa quando, em que século, de que forma,
Eu te amei, verdadeiramente te amei e foste minha, ressalvo.

Antes de amar-te, esqueci-me dos teus beijos,
E a minha boca se vencia nas linhas dos teus lábios indissolutos,
E no teu corpo, uma tarde de primavera onde os sinos dobram,
As minhas mãos segregadas cheias do teu cheiro partiram marcadas.

Como convêm ao longe, o amante acena ao amor que parte,
No coração, em prantos com pouca força ainda afirmo:
Eu te amei, tu me amaste, eu fui teu e tu foste minha!

Em resposta, a tua boca ao longe, balbucia-me desordenadamente,
Ainda como fachos de lampejo leio em teus lábios,
coisas que nem sei o quê, indiscerníveis,
como o rechiar das ondas ao vento na matina bravia,
Tu, ao longe.
Eu, nada escuto, nada escuto...

terça-feira, novembro 04, 2008

Allan Sieber