sexta-feira, setembro 12, 2008

Juras Secretas**

Te amo tão secretamente,
Que até esqueço que por ti é que respiro,
E quando te vejo, pensar que havia obtido a cura,
Vem aquele súbito sufocamento,
Relembro o teu nome,
Que na estante passado esqueço de deixar.

Não posso calar-me. Não posso.
Mas também não posso gritar-te,
Mas tu, em nove vezes milhões de astros,
Morada fincaste em meu peito.

É estranho o gozo da alegria de sentir a solidão,
Mas é quando ela está aqui que estás comigo,
Uma porta de igreja abre-se ante aos serenos romeiros,
Que espreitam a hora de orar a prece que de ti só eu sei.

Sê,
Sê as minhas jornadas inacabadas para tantos e quantos dias...
Sê, então se precisar;
Sê,
Sê as estrelas que da noite fogem para na relva encantada brincar,
Sê, sê para me encantar;
Sê,
Sê o acalanto que procuro no peito de mão aberta,
Sê, sê para me confortar;
Sê,
Sê a minha razão irresponsável e desmedida,
Sê, sê para eu não mais chorar.

Que não sejas esta flor que na semente permanece,
E secretamente angustia e devasta o meu peito,
Reluzindo feito topázio ao fogo,
E quando te sinto ao longe,
Secretamente, meus, os olhos no teu clareio se encandeiam,

São como flechas de bronze incandescentes,
De ti a cravar-me o peito, numa dor prazerosa e necessária,
Escorrendo filigranas de desejo por entre os poros.
Ao longe, perto estás; Perto, longe deverias estar.

Sinto ódio e inveja daqueles que de ti presente dais um sorriso,
E eu que tanto te amo, passo.
Te amo tanto, secretamente, e não posso dizê-lo,
Era trair a lua com a noite,
Em nada corresponderias a este amor que nutro secretamente,
Eu sei, eu sei...
Fadado ao desespero da incompreensão.

Aprendi a viver sem ti, somente a te espreitar,
Nas esquinas roubar teu aroma,
Rosa silvestre. Balbuciando este amor secreto,
Te procuro por entre dimensões alheias,
Te amo secretamente, sem orgulho, devotamente,
Te amo desta maneira porque não tenho outro jeito de amar.

E meu consolo é de mesmo em sombras poder contar teus passos,
Te olhar calado, como se contempla o mar,
Te testemunhar como quem espera o nascer do sol,
Te tocar por entre as flores da serra florida,
E de vez em quando expurgar amor estranho de mim,
Colaborando com um entardecer doloso e enrubescido.

Por te amar tão secretamente,
Morro gota a gota por não encontrar teus lábios,
Transformo-me em rio de inverso curso,
Permaneço-me sol de jardim sem flores,
Sem ti, sou mãos tristes e dependuradas.

Por teu tão longe existir sem mim,
Deusa da minha alma, Perséfone romã,
Por dentro grito teu nome feito tifo sem cessar.
Por te amar tão secretamente,
Queria este poema a ti declarar.

Marcadores: