quarta-feira, maio 20, 2009

Tem vez que ela me ama e eu me sinto dentro de uma cabana;
Tem vez que ela me beija e eu sinto gosto de coca-cola;
Tem vez que ela me abraça e eu me sinto recuperado;
Tem vez que ela me alegra com revistas;
Eu sorrio feito menino que sai do castigo.

Estou esperando só pra dar beijos com gosto de rocambole.

quinta-feira, maio 14, 2009

Sina

Deu-me vontade de declarar meu amor por ti,
Bateu-me uma suspiração tão louca,
O vento soprou-me na boca,
E o que sinto por ti, farfalhou, esquivando-se de mim.

Nunca eu tivera desejo tão desesperado,
Procuro nos bancos das praças, nas escadas da Federal,
Já fui no Largo, na praça do Rui, na rua do Marechal,
Gritei dito nome, soprei o que lembro dos meus prantos,
Ninguém responde, nada encontrei...

Vai ver que esse tal de amor nunca quis saber de mim.

sexta-feira, maio 08, 2009

Sofreguidão instrínseca

Não: nada quero, nada vou querer.
Só o silêncio, que me dói saber
Que nada sou nem quero, me vem dar
A sensação de nada desejar.

Bem sei: há rosas em jardins de alguém;
No alto do céu a lua brilha bem;
O amor é jovem sempre, e o fado mudo.
Mas nada quero, pois negar é tudo.

Talvez que noutro clima do mistério,
Sob outro signo de outro ser sidério,
Se me abra a porta ou se mostre a estrada...
Neste momento só não quero nada.

Pessoa.