quinta-feira, junho 25, 2009

Elucubrações de instantes.

Deu-me vontade de declarar meu amor por ti,
Bateu-me uma suspiração tão louca,
O vento soprou-me na boca,
E o que sinto por ti, farfalhou, esquivando-se de mim.

Nunca eu tivera desejo tão desesperado,
Procuro nos bancos das praças, nas escadas da Federal,
Já fui no Largo, na praça do Rui, nas ruas do Marechal,
Gritei dito nome, soprei o que lembro dos meus prantos,
Ninguém responde, nada encontrei...

Tenho o vazio, o vazio,
Vai ver que esse tal de amor nunca quis saber de mim.

sexta-feira, junho 19, 2009

Para te amar tanto assim.

Foram tantas vidas que vivi
Em tão pouco que te amei
Sozinho, como um claustro senti
Tão a insígnia que eu te dei.

Foram tantos sonhos, tantas esperanças
Um sentimento cravado feito lança
Uma carne cingida, um espírito andaluz
Velho torpor em pujança, tanto que eu te amei.

Há um poeta em mim que Deus me disse
Somente assim para suportar esse amor
Que em me castigar ainda persiste
Sou ainda uma alma em claustro sóror saudade
Tísica dor para tanto amor que de sina herdei.

Mas que poema canto para que lhe fale a alma?
Para te amar tanto assim
Foi preciso separar o corpo do espírito
E o coração suplantar.
Mas que fazer se hei-lo assim
Em doce suplício há tempos te entreguei?

quarta-feira, junho 17, 2009

Do amar demais.

Como eu posso ser livre se tolheste minhas venturas?
Cortaste minhas asas, mentiste minhas alegrias,
Venceste a briga sem lutar, e ainda dou-te aplausos.

Já vivi mil anos antes de te ver chegar,
Corria a te buscar, sem saber que eras
Não só um corpo, sim o sentimento
Dos meus sonhos.

À beira do acaso eu encontrei você,
Incontroláveis versos,
Sem perceber eu te amei, vi e te amei,
Ávido por um beijo teu,
Tanto lutei, tanto desejei, tanto perdi...

Então o amor em mim significava apenas olhar você,
Somente desejar você, sem ter retorno, baixinho, como se reza;
Depois dele, veio o medo do amar que eu tenho,
Medo do amar demais, de quem nunca se fez.

E o que se desloca de mim,
Não sei ao certo se me abandona
ou só me fere...
Sei apenas que atrás se arrasta,
Feito uma sombra de corpo quando se caminha,
Em traços desencontrados.

De repente vejo o teu rosto e teu cheiro me faz corar,
Sorvo então a última quimera dos meus sonhos:
Os teu olhos; o teu sorriso;

Então conforto-me porque em mim,
Sei que não mais habita somente eu,
Alegro-me porque em mim,
Compartilho a porção da forma desejada,
De minhas horas sempre distante.

É bem verdade que por causa de você,
Hoje, a paixão que tomou o meu caminho
Perdura, e me regaça, e ninguém me salva,
Deixam-me à revelia.

Mas eu sei que
Quando se morre de amor,
Renasce noutra alma,
Vê-se noutros olhos,
Outra maneira inovadora de ser sem fim.

segunda-feira, junho 15, 2009

A poesia caiu em mim lentamente,
Assim como a última folha amarela
que resisite ao inverno.